Comércio e Integração Nacional - Mapa Estratégico da Indústria
MAPA ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA 2023 2032
O CAMINHO PARA A NOVA INDÚSTRIAConheça os principais objetivos e metas que impulsionam o desempenho, a competitividade e o crescimento sustentável do setor industrial.
O Caminho para a Nova Industria
Label Alternativo
O desafio para uma maior participação do Brasil nas cadeias globais de valor e para uma maior competitividade da indústria brasileira no mercado internacional passa inevitavelmente pela redução dos encargos que afetam o ambiente de negócios no país. Isso inclui questões relacionadas a aspectos tributários e fiscais, logísticos e burocráticos do comércio exterior, além dos mecanismos de crédito à exportação. Tal desafio é ainda maior para as pequenas e médias empresas (PMEs).
Adicionalmente, a ampliação do crédito à exportação, a redução e a eliminação de barreiras impostas às nossas exportações, a expansão de acordos comerciais estratégicos, o estímulo ao investimento de empresas brasileiras no exterior e o fortalecimento dos mecanismos de defesa comercial são fundamentais para intensificar a inserção da indústria brasileira no comércio internacional.
Os indicadores do fator-chave comércio e integração internacional mostram uma deterioriação das condições relacionadas ao comércio exterior brasileiro na última década.
A participação brasileira nas exportações mundiais da indústria de transformação permanece estagnada e distante da meta estabelecida. Um exemplo é o percentual de exportações que conta com apoio do sistema de crédito às exportações permanece no pior patamar da série histórica.
Da mesma forma, o Brasil não monitora, de maneira efetiva, as medidas restritivas às suas exportações brasileiras em terceiros mercados, o que dificulta a negociação para retirada de tais barreiras. Além disso, o país faz uso inexpressivo das medidas antissubsídios, o que revela o baixo nível de investigações de subsídios ilegais e distorcivos em terceiros mercados e que afetam a produção e exportação brasileiras. Para ilustrar a situação, enquanto o Brasil não abriu investigações na maioria dos anos da série (entre 2015 e 2022), a média mundial é de pelo menos quatro investigações de subsídios por ano no mesmo período.
Além disso, a representatividade dos países com os quais o Brasil possui acordos de livre comércio é pequena e permanece estagnada nos últimos anos. Essa é a mesma realidade percebida na rede dos acordos de facilitação de investimentos e de dupla tributação celebrados pelo país, mantendo os indicadores distantes das metas há vários anos.
Em decorrência disso, o fator-chave como um todo apresenta desempenho insatisfatório. Será necessário um grande esforço e planejamento para alcançar as metas estipuladas para o próximo período.
Competitividade do Comércio Exterior Brasileiro
A busca por maior inserção da indústria brasileira no cenário internacional exige aprimorar a competitividade das exportações nacionais e alavancar o desenvolvimento de setores produtivos com maior valor agregado.
Problema
Paralelamente, desafios associados à governança, ao excesso de burocracia e à utilização ainda restrita de tecnologias digitais, combinados com a carência de harmonização quanto a especificações técnicas e de capacitação, constituem obstáculos para as operações de exportação e importação da indústria nacional.
O Custo Brasil¹⁵ divulgado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023, atingiu a marca de R$ 1,7 trilhão. Entre os eixos de maior impacto do estudo, está o de integração de cadeias produtivas globais, com custos entre R$ 110 e 150 bilhões.
Tais obstáculos são ainda mais relevantes para pequenas e médias empresas (PMEs), que estão mais sujeitas aos entraves institucionais, a custos elevados e à dependência de recursos públicos para financiamento e garantia de exportações. Diante dessas condições desfavoráveis¹⁶, a indústria de transformação brasileira teve sua participação nas exportações mundiais reduzida de 1,07% para 0,81% entre 2011 e 2021¹⁷. Além disso, setores mais intensivos em tecnologia perderam espaço, dificultando a diversificação da pauta exportadora e a inserção nacional em cadeias globais de valor. Em 2001, produtos de média-alta e alta intensidade tecnológica representavam 33,3% dos bens exportados, caindo para 14,2% em 2022¹⁸.
Solução
Especial atenção deve ser dada às pequenas e médias empresas de forma a viabilizar sua inserção no comércio internacional. A desburocratização do comércio exterior, por meio de reformas nos processos aduaneiros e da simplificação de normas, contribui para a redução de custos de conformidade em operações comerciais.
No intuito de modernizar, agilizar e reduzir custos das operações de exportação, importação e trânsito de mercadorias, é imprescindível ainda a incorporação de ferramentas digitais, inteligência artificial e cibersegurança.
Da mesma forma, é fundamental que o setor público e o setor privado unam esforços para identificar os obstáculos enfrentados pelas empresas – notadamente para a modernização regulatória e para o enfrentamento das crescentes barreiras externas.
A respeito das questões tributárias que afetam o comércio exterior, é preciso eliminar os tributos sobre a exportação, reduzir a carga tributária sobre as importações de serviços e aprimorar os regimes aduaneiros, em especial o de drawback e Recof/Recof-Sped, com o objetivo de incluir serviços utilizados pela cadeia industrial exportadora.
Adicionalmente, em relação ao financiamento às exportações, para que as empresas brasileiras consigam competir no mercado externo em condições isonômicas, é necessário recriar o Sistema de Financiamento e Garantia às Exportações, em novas bases e mais próximo às regras e padrões internacionais e que contemple investimentos brasileiros no exterior.
Benefícios esperados
Do mesmo modo, o aprimoramento de soluções existentes, tais como os Programas Portal Único de Comércio Exterior e Operador Econômico Autorizado, é importante para facilitar o comércio exterior. Além disso, a instituição de alternativas como o Programa Integrado de Gestão de Risco, Cooperação e Coordenação – com a adoção de padrões digitais nas operações do comércio exterior brasileiro -, é essencial para a desburocratização, a segurança jurídica e a redução das despesas de conformidade, direcionando recursos para investimentos produtivos relevantes para o desenvolvimento da indústria brasileira.
Os regimes de fomento às exportações também se destacam como ferramentas fundamentais, especialmente porque possibilitam o acesso à desoneração de tributos federais e estaduais. Adicionalmente, a implementação de um novo Sistema de Financiamento e Garantia às Exportações permitirá reduzir custos de crédito possibilitando assim a expansão da produção, inclusive para Pequenas e Médias Empresas (PMEs), uma vez que o novo sistema deverá aperfeiçoar a governança e ampliar as fontes de recursos públicos para financiamento e garantia de exportações.
Estudo sobre Custo Brasil, MBC e MDIC, Edição 2023. Demonstra o peso do custo adicional que as empresas brasileiras têm de desembolsar para produzir no país, em comparação com os países integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Disponível em: https://www.mbc.org.br/programa-custo-brasil/. Acesso em 14/09/2023.
Para mais detalhes, consulte a "Pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações – Edição 2022" da CNI, que analisa obstáculos à exportação com base nos dados coletados de 593 empresas exportadoras brasileiras. Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/assuntos-internacionais/publicacoes/desafios-a-competitividade-das-exportacoes-brasileiras-2022/>. Acesso em 06/09/2023.
Estimativa CNI, com base em estatísticas da OCDE e da UNIDO. Mais informações podem ser encontradas na publicação anual da CNI intitulada "Desempenho da indústria no mundo". Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/desempenho-da-industria-no-mundo/>. Acesso em 06/09/2023.
Para detalhes sobre a comoditização das exportações brasileiras e a persistência da perda de participação da indústria na pauta exportadora, consulte a “Nota Econômica 26: Exportações de bens da indústria de transformação foram recorde em 2022”. Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes/2023/4/nota-economica-26-exportacoes-de-bens-da-industria-de-transformacao-foram-recorde-em-2022-2382/>. Acesso em 04/09/2023.
Medidas específicas de melhoria da infraestrutura de transporte e da logística foram propostas no fator-chave Infraestrutura, com vistas a reduzir os custos de produção, melhorar a eficiência das cadeias de suprimentos e aumentar a competitividade das manufaturas brasileiras.
Objetivos
Aumentar a participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de transformação para 1,50% até 2032
- Crescimento médio de 0,06 p.p. ao ano
Fonte: Desempenho da Indústria no Mundo (CNI).
- Facilitar o comércio exterior brasileiro, por meio de medidas de redução de burocracia, custo e tempo.
- Aumentar a eficiência logística do comércio exterior brasileiro.
- Identificar e eliminar medidas restritivas ao comércio em terceiros países.
- Aperfeiçoar o sistema tributário brasileiro para eliminação de resíduos e garantia de restituição célere de créditos tributários nos investimentos e nas exportações.
- Aumentar a rede de acordos internacionais brasileiros com mercados estratégicos.
- Fortalecer e modernizar o sistema de crédito oficial às exportações.
- Promover iniciativas de promoção da cultura exportadora e internacionalização das empresas
Elevar para 55%, até 2032, o valor exportado que conta com crédito à exportação
- Aumento médio de 2,9 p.p. ao ano
Fonte: BNDES e Banco Central do Brasil.
- Simplificar a governança do sistema de crédito oficial à exportação.
- Reduzir a dependência orçamentária dos instrumentos de apoio oficial à exportação.
- Aperfeiçoar o Seguro de Crédito à Exportação, em linha com os modernos padrões internacionais (ECA ou EximBanks).
- Ampliar a participação de instituições privadas no crédito à exportação.
Reduzir o tempo médio de liberação das cargas via transporte marítimo para até 96 horas nas importações e para até 60 horas nas exportações até 2032
- Harmonizar e aprimorar a governança da gestão de risco, a cooperação e coordenação entre os órgãos intervenientes do comércio exterior brasileiro.
- Simplificar normas e leis de comércio exterior.
- Automatizar procedimentos e adotar tecnologias mais eficientes nos controles administrativos e aduaneiros, impulsionando a digitalização e o uso de documentos em formato digital, que possibilitem a interoperabilidade das informações necessárias aos controles do comércio exterior brasileiro.
- Fomentar a harmonização regulatória para alinhar as normas brasileiras aos padrões internacionais.
- Ampliar frentes de negociação de acordos de reconhecimento mútuo de OEA com mercados prioritários para a Indústria.
Eliminação de Barreiras à Exportação
Superar barreiras comerciais impostas a produtos brasileiros é fundamental para ampliar o acesso da indústria brasileira aos mercados internacionais, favorecendo o crescimento das exportações brasileiras.
Problema
Além disso, um dos principais entraves institucionais, advém da baixa eficiência governamental para a superação das barreiras existentes nos mercados externos (29,5% dos respondentes).
O contexto atual é marcado pelo crescente número de barreiras comerciais no mundo. De acordo com o Global Trade Alert (GTA), o Brasil foi potencialmente afetado por mais de 9.400 restrições comerciais entre 2009 e 2022, o que indica um acúmulo de restrições ao comércio internacional desde a crise financeira global.
Somando-se às barreiras tradicionais, novos e prementes desafios relacionados à sustentabilidade têm surgido no cenário mundial, com a implementação de medidas cunhadas como precaucionistas que possuem objetivos legítimos, porém, geram preocupações quanto aos impactos e não cumprimento de sua finalidade. Nesse contexto, cabe ao governo brasileiro reforçar sua estratégia de atuação para remoção ou mitigação dos entraves impostos aos produtos nacionais.
Solução
Benefícios esperados
Para tanto, uma maior organização e coordenação institucional no âmbito do governo cumprirá papel fundamental para o tratamento na eliminação de barreiras, bem como para a obtenção de maior eficácia na resolução desses entraves e na redução de divergências regulatórias.
CNI, Desafios à competitividade das exportações brasileiras, 2022. Disponível em: <https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/27/a0/27a053b7-493a-46fd-9521-2f1843ab3e3c/desafios_a_competitiv_das_export_brasileiras_v7.pdf>. Acesso em 05/09/2023.
Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. É o mesmo que ouvidor.
Objetivo
Estabelecer monitoramento público anual (0= não existe; 1= existe)
- Aprimoramento da transparência na agenda de barreiras, por meio de publicação anual de relatório de barreiras comerciais enfrentadas pelas exportações brasileiras.
- Criação de um Comitê de Barreiras Comerciais e aos Investimentos, com participação de representantes do setor privado.
- Instituição de um Ombudsman de Barreiras Comerciais (OBC) na estrutura intergovernamental.
- Ampliação da participação do Brasil nas discussões em foros internacionais, tais como: OMC, G20 e OCDE.
- Fortalecer o Sistema Eletrônico de Monitoramento de Barreiras às Exportações (SEM Barreiras), com a participação efetiva dos órgãos anuentes e intervenientes de comércio exterior.
- Fortalecer os diálogos bilaterais com parceiros estratégicos, como com a União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido, a fim de defender os interesses da indústria brasileira com relação às medidas comerciais de sustentabilidade, como por exemplo o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira (CBAM) e a lei antidesmatamento.
Acordos Internacionais
A celebração de acordos internacionais possibilita o acesso da indústria a novos mercados, estimulando investimentos produtivos e a transferência de tecnologia para inovação, o que amplia a competitividade da indústria brasileira.
Problema
A limitada rede de acordos preferenciais e de livre-comércio dos quais o Brasil é signatário – que abarcam apenas 2,4% das importações mundiais – restringe o acesso a novos mercados e a diversificação da pauta comercial brasileira, eleva os custos dos produtos e compromete a competitividade brasileira no comércio internacional.
Solução
No processo de ampliação da base de acordo comerciais, é fundamental que o Brasil leve em consideração a necessidade de preservar a capacidade de empregar instrumentos de política imprescindíveis para o fomento à inovação e ao desenvolvimento industrial.
A ampliação dos ACFIs contribuirá para alavancar a atração de investimentos estrangeiros e os incentivos aos investimentos produtivos de empresas brasileiras no exterior. Por fim, o aperfeiçoamento do sistema de Acordos de Dupla Tributação (ADTs) existentes com 36 países, bem como a ratificação de novos acordos, especialmente com Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, são essenciais para evitar distorções como a dupla tributação e a evasão fiscal.
Benefícios esperados
CNI, Desempenho da indústria no mundo, 2022. Disponível em: <https://www.iedi.org.br/artigos/imprensa/2023/iedi_na_imprensa_20230228_brasil_nao_tem_nem_05_da_venda_global_de_manufaturados.html>. Acesso em 06/09/2023.
Objetivo
Ampliar a rede de acordos comerciais do Brasil para 41,2% da importação mundial até 2032, com base na entrada em vigor de acordos de livre-comércio com União Europeia, Canadá, EFTA, México e Reino Unido
Fonte: WTO Stats.
- Promover a conclusão formal e a assinatura, sem reabertura de negociações, do Acordo de Associação Mercosul-União Europeia.
- Prosseguir com as negociações de acordos comerciais abrangentes do Brasil com o México e do Mercosul como Canadá, bem como promover negociações com o Reino Unido, com a África do Sul, no âmbito da União Aduaneira da África Austral SACU), e com países da América Central.
- Revitalizar a agenda econômica do Mercosul e a ampliação das disciplinas não tarifárias dos acordos comerciais na América do Sul.
- Acelerar as negociações de acordos de comércio exterior com países estratégicos, que contemplem, também, capítulos de TBT, SPS, Desenvolvimento Sustentável e mecanismos bilaterais de soluções de controvérsias.
Comércio Justo
A preservação da competitividade nos mercados internacionais e o combate ao comércio ilegal são condições necessárias para o fortalecimento do comércio exterior, da inovação e para o fomento do crescimento econômico em âmbito global.
Problema
Por sua vez, deficiências no sistema de defesa comercial tornam a indústria nacional suscetível a práticas anticompetitivas de comércio, gerando insegurança e prejudicando a produção nacional e os investimentos produtivos.
Outro fator é o grande aumento no uso de subsídios corporativos²⁵. Em 2023, mais da metade das políticas de intervenção do G20 esteve relacionada com subsídios corporativos, concedidos a empresas que competem com importações.
Em especial, o aumento da concorrência desleal no comércio internacional, com o incremento de medidas de apoio, como os subsídios aos setores (inclusive setores com excesso de capacidade produtiva) além da imposição de barreiras ao comércio de forma geral foi especialmente verificado durante a última crise internacional, em 2008/2009.
Consequentemente, medidas de defesa comercial (antidumping e medidas compensatórias) e as salvaguardas tiveram grande salto de aplicação. Os subsídios às exportações e à produção tiveram crescimento de mais de 2.900% e 5.500% respectivamente. Já as medidas para contrabalançar os efeitos do aumento das práticas desleais tiveram incremento de 134%²⁶.
Os governos estão aumentando o apoio aos seus setores industriais no contexto atual. Parte desse movimento é necessário para mitigar efeitos econômicos, o que pode gerar distorções na concorrência global e no mercado brasileiro, principalmente se forem contra os compromissos presentes no Acordo de Subsídios e Medidas Compensatórias da OMC ou mesmo o Acordo Antidumping, no caso das práticas empresariais.
Outro problema, diz respeito ao comércio ilegal de bens. No Brasil, a concorrência desleal com produtos importados que se beneficiam de atividades ilegais é crescente, sendo que os prejuízos decorrentes dessas práticas são substanciais.
Entre outros atos ilícitos, a importação de produtos que infringem os direitos de propriedade intelectual, que não atendem a requisitos regulatórios essenciais para proteger a saúde pública e o meio ambiente, subfaturados e os que se valem de fraudes aduaneiras, como falsas declarações de conteúdo, origem ou classificação fiscal, além de contrabando e descaminho, são as práticas mais comuns.
Os danos resultantes dessas práticas são substanciais. Apenas no que diz respeito à pirataria e ao contrabando, pesquisa realizada em 2020, pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), estimou perdas de cerca de R$ 410 milhões, devido ao comércio ilegal.
Isso inclui estimativas de perdas em 15 setores industriais e impostos que deixaram de ser recolhidos. Essa quantia não leva em conta os prejuízos causados por declarações falsas em importações, subfaturamento e outras atividades ilícitas, cuja magnitude é difícil de ser determinada.
Solução
Para melhoria do combate aos subsídios distorcivos é importante que se alcance no Brasil uma maior flexibilização para o início das investigações antissubsídios, facilitação da caracterização dos subsídios, aumento da eficácia das medidas antissubsídios.
Além disso, é importante o monitoramento desses subsídios distorcivos, em linha com o que Estados Unidos e União Europeia realizam nessa agenda. Isso inclui a publicação periódica, pelas autoridades de comércio exterior e política industrial do Brasil, de uma lista pública ou relatório contendo subsídios e análises de subsídios industriais distorcivos nas principais economias, sobretudo em economias de não mercado. Em paralelo, a CNI monitorará o avanço dos subsídios distorcivos no mundo e proporá melhorias na norma e prática brasileiras.
Outra solução alternativa é a cooperação entre as autoridades de Defesa Comercial do Brasil e de outros países para troca de informações e capacitação para o fortalecimento do sistema de investigação e aplicação de medidas compensatórias no Brasil.
O Brasil também deve implementar suas contranotificações na OMC, no âmbito do Comitê de Subsídios e Medidas Compensatórias, de subsídios industriais que não tenham sido devidamente notificados pelos demais membros, a exemplo do que é praticado pelos EUA, sobretudo no que diz respeito aos subsídios agrícolas concedidos por outros países e subnotificados à OMC.
Além disso, é preciso aprimorar a interlocução entre o setor privado e as autoridades brasileiras, para a identificação e combate a atos ilícitos ou desleais no comércio exterior, em especial por meio da instituição de um canal unificado de denúncias sobre fraudes e do incremento das medidas de fiscalização.
Problema
Ao estabelecer procedimentos transparentes e efetivos, o aprimoramento da defesa comercial contribui para a previsibilidade e a segurança jurídica, essenciais para a ampliação dos investimentos no setor industrial brasileiro.
Dumping é a prática que ocorre quando uma empresa exporta para o Brasil um produto a preço inferior ao praticado em seu mercado interno para um produto similar.
Salvaguardas são medidas comerciais temporárias impostas por um país para proteger sua indústria doméstica contra importações excessivas ou desleais, como tarifas elevadas, quotas de importação e restrições comerciais temporárias.
Subsídios industriais são apoios financeiros dados por outros países aos produtos estrangeiros, tornando-os mais baratos e afetando a competição com produtos nacionais.
Subsídios corporativos se referem a subsídios não comerciais e se diferem das transferências entre níveis de governo, pagamentos do governo a indivíduos e pagamentos de ajuda internacional, que estão excluídos do banco de dados do Global Trade Alertbook.
Dados do Global Trade Alert.
Objetivo
Elevar o número de investigações de subsídios ilegais e distorcivos em terceiros mercados no Brasil para a média mundial de quatro investigações ao ano
- Modernizar a prática e a normativa brasileira para investigações de subsídios em terceiros mercados.
Investimento Externo
Para maior integração internacional e para estimular o investimento de empresas brasileiras no exterior, o Brasil precisa aumentar sua rede de Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) e alinhar seus Acordos de Dupla Tributação (ADTs) com as melhores práticas internacionais.
Problema
Esses fatores dificultam a atração de investimentos estrangeiros para o país e restringem os investimentos brasileiros no exterior. Em outras palavras, o Brasil enfrenta desafios para atrair empresas multinacionais e centros inovadores de pesquisa para seu território e encontra obstáculos na internacionalização das empresas nacionais, bem como o desenvolvimento de tecnologias inovadoras mais competitivas internacionalmente. Como resultado, a indústria perde a oportunidade de aproveitar uma maior transferência de tecnologia para impulsionar sua inovação e modernização, o que compromete sua abertura comercial, o aumento de suas exportações e a capacidade de competir de forma eficaz no cenário do comércio internacional.
Solução
Para tanto, é preciso realizar um diagnóstico dos países com maior potencial de investimentos das empresas brasileiras, priorizar os países com os quais desejamos estabelecer ou atualizar os acordos e iniciar o trabalho de negociação, incluindo a atração não somente de fábricas para o território brasileiro, mas de centro de pesquisas inovadores, capazes de gerar tecnologias de fronteira com alta competitividade internacional.
Benefícios Esperados
Objetivos
Ampliar a rede brasileira de ACFIs, de modo que a participação no estoque de investimentos brasileiros no exterior dos países com os quais o Brasil tem esse tipo de acordo em vigor atinja 80%
- Incentivar a ampliação da rede de ACFIs, de forma a incorporar parceiros estratégicos para o Brasil, tais como União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e EFTA.
Ampliar a rede de ADTs do Brasil de modo que a participação no PIB mundial dos países com os quais o Brasil tem esse tipo de acordo em vigor atinja 80%
- Seguir o Modelo de Convenção da OCDE para ampliar e modernizar os ADTs a fim de reduzir os custos decorrentes da dupla tributação.
- Avaliar os ADTs já em vigor e identificar oportunidades de revisão e atualização para torná-los mais abrangentes e eficazes.
Ed. Roberto Simonsen
Brasília - DF CEP 70040-903